domingo, 29 de agosto de 2021

PÊRAS PORTUGUESAS (46 VARIEDADES - ALMANACH DO LAVRADOR)

 

AS VARIEDADES DAS PERAS PORTUGUESAS

Ver IN > https://capeiaarraiana.pt/2018/05/26/as-variedades-da-pera-portuguesa/


1) O velho «Almanach do Lavrador», editado no ano 1866 e organizado pelo lente João Inácio Ferreira Lapa, regista uma lista de nada menos que 46 diferentes variedades de pera, então cultivadas nos campos de Portugal.

A pera portuguesa tem imensas variedades
A pera portuguesa tem imensas variedades

Começando por afirmar que a pereira é uma planta que se cultiva por toda a Europa e que se dá particularmente bem em Portugal, o referido anuário agrícola informa que poucos vegetais haverá que ofereçam tantas variedades, resultantes de diferentes formas, cores e sabores. Apresenta depois as 46 variedades dos seus frutos, todos pertencentes à flora lusitana:

Pera bergamota.
Pera bojarda.
Pera carvalhal de Espinho.
Pera carvalhal galega.
Pera codornos.
Pera colmar.
Pera cornicabra.
Pera correia.
Pera coxa de freira.
Pera fidalga.
Pera flamenga.
Pera Gervásia.
Pera lambe-lhe os dedos.
Pera limão.
Pera má cara.
Pera manteiga.
Pera mimosa.
Pera marquesa.
Pera parda.
Pera Páscoa.
Pera pigarça.
Pera ribeirinha.
Pera romana.
Pera verdeal.
Pera virgulosa.
Pera de água.
Pera de bom cristão.
Pera de cheiro.
Pera do conde.
Pera de engonxo.
Pera de manto.
Pera de passa.
Pera de pé curto.
Pera de pé de perdiz.
Pera de refego.
Pera de rei.
Pera de Rio Frio.
Pera de rosa.
Pera de sete cotovelos.
Pera de três em prato.
Pera de Santa Ana.
Pera de Santo António.
Pera de São Bento.
Pera de São João.
Pera de São Marcos.
Pera de São Tiago.

Esta extensa lista, não é causa de admiração, já que os especialistas de hoje afirmam existirem no mundo mais de 4 mil tipos de peras, ainda que muito poucas sejam comercializadas.

O que causa perplexidade é que a lista não contenha a hoje muito propalada Pera Rocha, considerada a variedade mais importante cultivada por cá. O mesmo sucede com variedades muito conhecidas, como sejam a Carapinheira, a Pérola e a Amêndoa.

Será que no século XIX essas variedades ainda não estavam introduzidas em Portugal? Ou eram conhecidas por outras designações?

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«Histórias de Almanaque», por Paulo Leitão Batista


2) Outras peras tradicionais portuguesas: também as quer em sua casa?

Já aqui falámos de peras, concretamente das famosas Rocha. Hoje damos atenção às variedades de pereiras antigas, que normalmente dão frutos saborosos, aromáticos e suculentos, de pequeno calibre, e disponíveis apenas em mercados locais.

Quem esteve ou está ligado ao campo recorda com saudosismo algumas variedades de pereiras antigas, cujos frutos eram saborosos, aromáticos e suculentos. Actualmente, essas peras de pequeno calibre são difíceis de encontrar, principalmente nas grandes superfícies…A maioria de nós, consumidores, quando compramos fruta, seleccionamos os frutos sem qualquer defeito, bonitos, que nos parecem saborosos e que tenham um baixo preço. Quando chegamos a casa apreciamos o sabor e por vezes temos surpresas…

Variedades 
São peras com a designação de Carapinheira, Pérola, Lambe-lhe os dedos, Amêndoa, Marquesa, Marmela e muitas outras que só consegue encontrar à venda nos mercados locais. De qualidade superior, amadurecem na pereira, ficando amanteigadas, aromáticas, doces e suculentas. Quando as trincamos ou cortamos, o sumo escorre pelas mãos, que ficam a pegar. A tendência no curto prazo, devido à massificação da produção de peras, será o abandono dessas variedades, ficando unicamente preservadas em colecções de uso restrito. Se dispõe de um pequeno espaço que permita cultivar algumas árvores de fruto, está na hora de as plantar para passar a saboreá-las.

A pereira
As pereiras são exigentes em frio durante o Inverno para serem produtivas e necessitam de tempo ameno e seco nas fases de floração e de desenvolvimento dos frutos. As pereiras preferem os terrenos frescos, fundos e férteis, de pH neutro e com um bom teor de matéria orgânica (≥ 1,5 %). Muitas vezes não frutificam, não por falta de cuidados, mas sim por não se adaptarem às condições do local.

Época de maturação
Conhecendo a época de maturação das peras regionais acima referidas, pode seleccionar as que mais lhe interessam, em função da maturação e do espaço de que dispõe. 

No início de Julho pode colher as elegantes peras, de coloração amarela, manchadas de vermelho da Pérola. No final do mês pode deliciar-se com as sumarentas peras Carapinheira, que são redondas, de coloração amarela, por vezes rosadas na face exposta ao sol. Já em meados de Agosto pode saborear as inconfundíveis peras Amêndoa, de forma idêntica às anteriores, mas de coloração amarela. No final de Agosto as pequenas peras Lambe-os-dedos ou Amorim, que são redondas, amarelas, por vezes rosadas na face exposta ao sol, podem proporcionar-lhe um momento único devido a serem sumarentas, doces mas com um ácido pronunciado. Na mesma época de maturação pode também apreciar as peras Marquesa, que são de calibre grande, amarelas, por vezes rosados do lado do sol. Chegado o início de Setembro, pode desfrutar as peras Marmela, que têm uma forma achatada, coloração amarela e o pedúnculo inserido numa elevação.

Existem muitas outras variedades de pereiras regionais com épocas de maturação distintas e formas, cores e sabores diferentes, no entanto as referidas são singulares.

Onde comprar
Pode adquirir as suas pereiras num viveirista especializado, devendo cada planta estar identificada pelo nome da variedade, porta-enxerto e por um certificado fitossanitário. 

As árvores para plantar, das variedades tradicionais, são por vezes difíceis de encontrar, pelo que devem ser encomendadas com alguma antecedência (um ano). As pereiras, em geral, são vendidas de raiz nua, sem qualquer protecção nas raízes. 

Quando e como plantar
A plantação deve ser efectuada preferencialmente durante o mês de Janeiro e, o mais tardar, até meados de Fevereiro. Plantações precoces podem originar perda das árvores devido à madeira estar ainda muito herbácea e poder ser “queimada” pelo gelo. As plantações tardias podem originar perdas, devido às pereiras começarem a ganhar folhas e a perder água antes de as raízes estarem em condições de absorver água do solo. Imediatamente a seguir à plantação, mesmo que esteja a chover, é necessário regar, no mínimo com cinco litros de água. 

Cuidados a ter
Acompanhar o desenvolvimento da pereira, regando, fertilizando, observando e controlando as pragas e as doenças e esperar dois anos para obter alguns (poucos) frutos. À medida que os anos vão passando a produção vai aumentando. 

Colher
A colheita das peras deve efectuar-se pela manhã, evitando que o pedúnculo se parta. Se possível coloque-as em caixas numa camada única para que os pedúnculos, que são rijos, não firam as peras vizinhas. Separar os frutos “tocados” dos sãos.


Após a colheita, os frutos devem ser transportados para um local seco, arejado e abrigado do sol. Espere um a dois dias para os consumir. 

Atenção
Em geral, uma pereira sozinha não produz, sendo necessário ter mais do que uma variedade de pereiras, em que a floração coincida parcialmente, para que ocorra a polinização e formação dos frutos. 

Durante a floração devemos favorecer a presença de abelhas.

Engenheiro Agrícola e da Associação Portuguesa de Horticultura


3) PERAS DE INVERNO

Arvore

Fruto


Há muitos anos, antes das câmaras frigoríficas, havia culturas de Verão e de Inverno e havia a preocupação de ter fruta todo o ano. As pêras de Inverno ou francesas eram uma óptima solução.

Hoje é difícil saber qual é a época certa da fruta: há sempre inúmeras variedades no supermercado.

Depois da vindima, apanhavam-se estas pêras magníficas que ficavam no sótão e duravam até Fevereiro.

"Destas pereiras seculares, com olhos, nariz, boca e longos cabelos, e que, por serem seculares, dão frutos com um sabor de outro tempo. Quando a fruta sabia ao que era. lembrava-me do sabor destas pêras."


4) PERA NASHI (Pyrus pyrifolia)

Nashi


A pereira-comum (Pyrus communis) é uma árvore da família das Rosaceae, tal como a macieira, e originária da Ásia. Existem outras espécies de pereiras, sendo a mais conhecida a Pyrus pyrifolia, com nome comum de pera-nashi, muito cultivada na Ásia.

A maior produtora mundial de peras é a China, seguida por países como a Itália, os EUA e a Espanha.

Na Antiguidade e em certas culturas,  a pera foi muito valorizada, estando até presente em literatura, como na Odisseia de Homero.

Ficha técnica da pera (Pyrus communis)

Origem: Ásia.

Altura: Geralmente cultivadas até dois metros, embora cresçam mais.

Propagação: Habitualmente por estaquia e enxertia.

Plantio: Inverno e primavera.

Solo: Terrenos frescos, fundos, de pH neutro e ricos em matéria orgânica.

Clima: Rústica em Portugal.

Exposição: Zonas de pleno sol.

Colheita: A partir de junho-outubro.

Manutenção: Podas, sachas, e regas.

Cultivo e colheita

O plantio das pereiras deve ser feito nos meses do fim do inverno ou início da primavera para garantir que as árvores enraízam. Geralmente, a propagação é feita por enxertia em pé-franco ou em marmeleiro.

Atualmente a pera-rocha é a variedade mais cultivada em Portugal, ocupando quase 95% da área de cultivo.

É uma variedade originária de Sintra que se conserva por mais tempo, por isso a que tem maior interesse comercial, sendo regularmente exportada para outros países europeus. O seu cultivo em Portugal concentra-se na região do Oeste e, no Brasil, onde foi introduzida nas últimas décadas, nos estados do Sul do país.

Num horto, é muito fácil encontrar esta variedade, que contudo não é a mais doce nem a mais saborosa; existem muitas outras variedades de interesse para cultivo num quintal, de sabor e textura superiores.

Das estrangeiras, podemos destacar a “Lawson”, que é logo uma das primeiras a amadurecer ainda em junho, a “William’s” e muitas portuguesas como a “Carapinheira”, de sabor excecional e muito sumarenta, a “Marquesinha”, a “Pérola”, a “Parda”, entre muitas que devemos cultivar para que não desapareçam.

Para uma família, conte-se com cerca de quatro pereiras. Devem plantar-se sempre pelo menos duas para facilitar a polinização cruzada, que é efetuada por insetos.

As peras devem ser colhidas, com o  pé, estando completamente maduras mas não em demasia, pois geralmente ficam farinhentas ou demasiado moles.

Depois de colhidas, devem ser estendidas em tabuleiros numa única camada e guardadas em local fresco e seco. Poderão durar assim alguns meses.

nome desconhecido das 4 indicadas


Manutenção

As pereiras são árvores que não requerem muita manutenção.

Depois de serem conduzidas, de forma semelhante às macieiras, das quais são aparentadas, em forma de vaso ou cordão, a manutenção restringe-se às podas, aplicação de fertilizantes e tratamentos fitossanitários e regas nos meses mais quentes

As pereiras beneficiam da aplicação de matéria orgânica, nomeadamente de estrumes e compostos, que ajudam a tornar o solo mais leve e fresco.

Pragas e doenças

As pereiras são bastante resistentes a pragas e doenças, sobretudo se estiverem bem tratadas.

Algumas das que as afetam são os afídios (piolhos), a psila-da-pereira, o pedrado da pereira, que é um fungo que se previne com a aplicação de calda bordalesa e o comum bichado da fruta.

A palavra de ordem é a prevenção para evitar mais tarde o uso de pesticidas industriais ou ver uma colheita arruinada.

Propriedades e usos

As peras são muito ricas em fibras, em vitaminas A e C e especialmente do complexo B, bem como em sais minerais.

As peras têm um baixo valor calórico e podem ser consumidas por um amplo leque de pessoas, mesmo as que seguem uma dieta baixa em calorias. A pera tem propriedades diurética e pode ser utilizada para combater a obstipação e a hipertensão arterial.

O consumo da pera é geralmente feito ao natural, mas pode também ser consumida cozida (com ou sem vinho), em doces, em calda, cristalizada e num sem-número de formas, até sob a forma de sidra, bebida de baixo teor alcoólico.

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